SEDE SOS AMAZÔNIA
A biofilia é uma das bases do nosso trabalho como estúdio de arquitetura, e a valorização de instituições que lutam pela preservação da natureza é um imperativo para a nossa visão de um futuro possível e viável para todos. Em 2020 entramos em contato com a SOS Amazônia para oferecer o nosso trabalho voluntariamente, uma maneira que encontramos para termos um impacto positivo na sociedade.


Ficha Técnica
Ano: 2020
Local: Rio Branco - Acre
Autor do projeto: Homã Alvico.
Colaboradores: Michele Guillen e Gabriela Batistela.
Sistema Construtivo: Alvenaria (existente), Madeira Serrada e Wood Frame.
Materiais: Madeira e Cobogó Cerâmicos.
Renders: Umle.

Gráfico de Sistemas Construtivos Empregados
A premissa do projeto foi ampliar as áreas da pequena construção existente, que não comportava mais o programa da ONG. Buscamos com este projeto refletir os valores da SOS na arquitetura, preservando ao máximo a construção existente e utilizando recursos naturais e renováveis.
Definimos como parâmetros para este projeto o uso de materiais e técnicas locais, a valorização da cultura local, o aumento do contato com a natureza dentro do edifício, e a utilização de soluções técnicas para trazer conforto aos usuários, considerando o clima específico de Manaus, com altas temperaturas e grande umidade.


A construção existente encontra-se recuada no terreno, não tendo uma presença visual para a rua. Desejando uma presença mais marcante para a edificação, criamos uma nova frontalidade. Para isso, foi proposto um pórtico em madeira mais próximo da rua, criando uma fachada, uma cobertura para o acesso e também dando suporte para a criação de uma horta no pavimento superior.
A reforma criou um segundo pavimento na edificação existente. Para tanto foi desenvolvido um sistema de pórticos de madeira que funcionam como um andaime sobre as paredes existentes e, ao mesmo tempo, fazem referência aos troncos das árvores e às construções em palafitas, frequentemente utilizadas na região.
Foi criada uma ventilação permanente acima das paredes existentes, elevando a laje do pavimento superior e deixando um vão entre os andares. Esta solução busca manter uma ventilação generosa em toda a edificação, para remover o ar quente e úmido dos ambientes, que naturalmente acende e é removido pelas aberturas superiores. A mesma solução foi utilizada no pavimento superior.
projeto final

demolição (pré-projeto)

segundo pavimento (nova estrutura)



Além disso, também como forma de resgatar a cultura local, teve-se como inspiração para a estrutura de madeira externa da ampliação as palafitas caboclas, para o desenho do cobogó do átrio central a geometria indígena das pinturas corporais e cerâmicas.
Em todo o projeto buscou-se utilizar materiais locais, naturais e sustentáveis, bem como tons terrosos. Utilizou-se madeira local certificada para a estrutura, painéis de madeira reflorestados para revestimento das paredes, e coberturas térmicas. Dessa forma, foi possível criar ambientes acolhedores, e ao mesmo tempo, amplos, ventilados e com controle térmico.




No pavimento superior, na fachada do edifício, foi desenvolvida uma horta, que configura-se como o cerne da construção.
Trata-se de um espaço externo e coberto, que comporta múltiplos usos. Nele, os usuários podem realizar pequenas reuniões e encontros, refletir, meditar, e, ao mesmo tempo, desenvolver atividades produtivas, através do plantio de mudas.


